II Congresso Nacional Direito e Fraternidade realizou-se de 25 a 27 de janeiro de 2013.
“Existe um antes e um depois deste congresso”. “Agora tenho certeza que a mudança é possível”. “Aqui vi uma humanização dos vários campos do Direito...”
O congresso
aprofundou a Fraternidade como categoria jurídica, como a lente capaz de fazer
ver no mundo do Direito novas perspectivas e possibilidades. A “fraternidade
propõe uma inversão de tendências”: recorda à Justiça a completude essencial de
cada pessoa, faz sair de um direito subjetivo individual, abrindo a uma visão
de humanidade como um “nós”. Faz do Direito não uma mera produção de normas,
mas um instrumento para curar as relações rompidas.
Além de
oferecer novos elementos para o pensamento, a reflexão e a pesquisa no campo
jurídico, ofereceu também pistas concretas de aplicação para os operadores do
Direito. Inúmeras experiências relatadas
dão crédito e afirmam os efeitos da fraternidade e seu potencial transformador:
o projeto de “adoção jurídica do cidadão detendo”, realizado em
Pernambuco no âmbito do Direito penal; o núcleo de pesquisa Direito e
Fraternidade do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), e o incentivo a uma solução pacífica dos conflitos através do
diálogo e da conciliação.
Os participantes vieram de todo o Brasil:
advogados, juízes, desembargadores, promotores, defensores públicos, oficiais de justiça, profissionais
da administração pública e professores. Marcou a forte representação do mundo
acadêmico. Outro fato que chamou a atenção foi a grande participação de jovens,
tanto profissionais quanto estudantes, o que revela a sede por propostas novas
e desafiadoras.
Conjugar fraternidade e direito é “uma proposta de
grande interesse, de enorme importância social, crucial para a sociedade, para
a cultura e a civilização”, afirmou o Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo de São
Paulo em seu pronunciamento ao visitar o congresso. Dom Odilo traçou uma
panorâmica da problemática do mundo atual: uma “mudança de época” que requer
referenciais éticos claros e compartilhados. Ressaltou também a importância,
nesse momento da história, de “criar o novo” justamente estabelecendo pontos de
referência sólidos. Acrescentou ainda, referindo-se aos trabalhos do congresso,
acreditar que com essa linha de atuação, dá-se uma contribuição à Igreja, ao
pensamento cristão e também à sociedade e à cultura, visto que “a lógica da
fraternidade conduz à verdadeira justiça e a justiça cura as feridas da
sociedade estabelecendo os laços rompidos”. E incentivou a todos com a
significativa metáfora: “Foi descoberto um filão de ouro: cavem, cavem,
continuem a cavar nesse filão, para encontrar muito ouro e distribuir à
sociedade”.
Um congresso que se encerra “com a impressão de que
acabou de começar” disse um dos congressistas, pois retornaram às suas terras
de origem com a missão de multiplicar a experiência vivida. Como demonstram os
compromissos assumidos: próximos congressos nas Universidades de Santa Catarina
e de Marília (SP), no Tribunal de Brasília e de Sergipe, nas cidades de Curitiba,
Belo Horizonte, Manaus, bem como a formação de grupos com encontros periódicos
para aprofundamento dos temas e troca de informações sobre os estudos e
práticas.